Profa. Dra. Silvia Edelweiss Crusco
No Brasil a população de cães e gatos é de 54,2 milhões de cães e 23,9 milhões de gatos (IBGE-Instituo Pet, 2018) sendo que a Organização Mundial de Saúde aponta para a existência de mais de 30 milhões de cães e gatos abandonados.
A castração em cães e gatos tem sido amplamente escolhida como a melhor ferramenta para controle populacional e muitas vezes tem sido feita sem os mínimos cuidados necessários e sem levar ao conhecimento do tutor os efeitos colaterais que podem ocorrer.
A castração na fêmea é a retirada cirúrgica dos ovários, tubas uterinas e útero, denominada como ovário-salpingo-histerectomia (OSH) e no macho é a retirada dos testículos e epidídimos denominada orquiectomia. Para que sejam realizadas, o correto é que anteriormente sejam feitos exame clínico e exames complementares como eletrocardiograma, ecocardiograma, hemograma com pesquisa de hematozoários e perfil bioquímico para funções renal e hepática. Os animais devem ser anestesiados e cirurgia realizada dentro dos padrões técnicos e éticos necessários. Todo animal candidato a castração deve receber cuidados pré, trans e pós operatório. As duas cirurgias são irreversíveis levando o animal a esterilidade, por isso também são conhecidas como esterilizações cirúrgicas.
A castração pode ser realizada em animais adultos ou antes da puberdade. Hoje em dia a castração prepubertal ou precoce é uma técnica realizada tanto para cães e gatos domiciliados como para os abandonados e de abrigo. Logo que a técnica surgiu veio a esperança de controlar a população antes mesmo deles começarem a vida reprodutiva e tendo como grande promessa a diminuição da incidência dos tumores das glândulas mamárias de cadelas, porém hoje se sabe que ocorre um aumento do aparecimento de outros tipos de neoplasia e trabalhos científicos mostram que existem vários efeitos colaterais associados aos benefícios.
O tutor deve ser informado que com o passar do tempo o animal castrado, seja ele macho ou fêmea, tem maior incidência de ser acometido por: incontinência urinária, alterações ortopédicas, alterações metabólicas, obesidade, neoplasias, doenças imunomediadas e de cognitivas. Hoje em dia a castração precoce é vista de forma controversa por causa das consequências adversas para a saúde dos animais submetidos a ela.
Recomendações – Caso o animal seja mantido em casa, sem acesso à rua e sem a probabilidade de acasalar com outro, recomenda-se a castração das fêmeas entre o primeiro e segundo cio para fêmeas pequenas (cadelas e gatas) e entre o segundo e terceiro cio para fêmeas grandes (cadelas). Os machos devem ser castrados ao redor do início da puberdade. Caso contrário recomenda-se a castração precoce desde que o tutor seja informado dos riscos das doenças que possam surgir. Caso o tutor deseje manter seu animal inteiro (sem realizar a castração) deve se respeitar a vontade do mesmo. Independente do animal ser castrado ou não o tutor deve ser encorajado a levar seu animal periodicamente para consulta de rotina com o médico veterinário.
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