Fabiana Cassales Tosi
Nosso organismo foi desenhado para ser capaz de armazenar energia.
Há milhares de anos atrás, o homem passava longos períodos com alimento escasso e assim, nosso corpo “aprendeu” a estocar gordura. Para caçar e lutar pela sobrevivência nossos ancestrais precisavam ser fortes, velozes e terem, como chamamos hoje, um excelente condicionamento físico. Mas, (in)felizmente evoluímos! O desenvolvimento e a tecnologia nos presentearam com uma variedade e abundância de alimentos ao alcance das prateleiras e de muitas outras facilidades no dia a dia. Não precisamos mais correr, saltar ou agachar com vigor no dia a dia. Temos elevadores, escadas rolantes, computadores, automóveis e controles remotos, muitos controles remotos! Com tantas conveniências e conforto nos tornamos sedentários, e essa é uma má notícia. Nossa genética não mudou e assim o corpo não “desaprendeu” a guardar energia em forma de gordura. Fazendo as contas, estamos constatando mundialmente que as pessoas consomem mais e gastam menos calorias o que faz com que o resultado seja o ganho de peso e consequentemente a obesidade.
Segundo o ministério da Saúde, entre os anos 2006 a 2016, a obesidade cresceu em média 60% no Brasil e colaborou para maior prevalência de hipertensão e diabetes.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 70% da população adulta no mundo não realiza o mínimo de atividade física recomendável e assim o sedentarismo destaca-se como um dos fatores de risco para a ocorrência de diversas doenças crônicas como infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, diabetes do tipo II, osteoporose e até alguns tipos de câncer.
A boa notícia é que podemos fazer melhores escolhas! Se a busca por uma nutrição mais saudável requer mudanças nos hábitos alimentares, também uma vida mais ativa necessita de novas escolhas que aumentem a prática de atividade física.
Então, precisamos quebrar padrões de comportamento e gerar novos hábitos.
Abaixo segue algumas orientações para você começar a se movimentar mais no dia a dia. Veja as que se encaixam na sua rotina e planeje já a mudança.
EXERCÍCIOS FÍSICOS E PERDA DE PESO
A prática regular de qualquer exercício físico aumentará o consumo de energia pelo organismo, tanto durante a sua realização como também várias horas após o seu término. Isso ocorre porque uma das adaptações que o exercício promove é o aumento da massa magra (músculos), que eleva o metabolismo de repouso e faz com que o corpo use mais energia para manter suas funções normais.
Entretanto, é importante saber que a magnitude desta perda calórica irá depender do tipo de exercício praticado, da duração e da intensidade com que o mesmo é realizado. Corrida, natação, bicicleta ou exercícios de força e resistência? O melhor tipo irá variar de acordo com o nível de condicionamento físico do indivíduo, do seu estado de saúde, também da preferência do praticante, já que o prazer em realizar o exercício fará com que a adesão ao mesmo seja muito maior!
Por exemplo, você pode começar com caminhadas curtas, de 20 a 30 minutos e em ritmo leve, mas terá que aumentar essa carga para que esta atividade faça diferença na balança, associando sempre uma dieta hipocalórica para melhores resultados.
A medida que um melhor condicionamento físico for conquistado e visando uma perda calórica mais significante, os exercícios devem ser intensificados, de preferência sob a supervisão de um profissional especializado.
No geral, os estudos científicos são unânimes ao afirmar que a prática regular dos exercícios físicos proporciona uma série de adaptações orgânicas que, além de reduzir a gordura corporal, geram muitos outros benefícios, tais como:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/28108-em-dez-anos-obesidade-cresce-60-no-brasil-e-colabora-para-maior-prevalencia-de-hipertensao-e-diabetes> Acesso em: 19 de ago. 2018.
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