Fernando Amaral
Antes de pensarmos acerca do ensino das lutas na escola, precisamos entender algumas questões que estão diretamente associadas ao termo luta. Para iniciarmos conceituaremos arte marcial, lutas e brigas.
Arte Marcial: Originada do Grego Ars (Arte) Mars (Marte) – Deus da Guerra, pode ser traduzida como a Arte da Guerra ou para Guerrear. Pautada pela disciplina e o respeito, muito utilizada por militares.
Lutas: Combate entre 2 ou mais pessoas com ou sem o uso de armas.
Brigas: Disputa entre 2 ou mais pessoas sem regras e sem respeito.
Segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), as lutas são disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário.
Estando na BNCC e nos antigos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) as lutas devem ser inseridas nas aulas de educação física escolar, mas como devemos inseri-las?
As lutas devem ser inseridas nas aulas de forma lúdica, prazerosa, respeitando sempre a individualidade de cada aluno prezando sempre pelo ensino além do gesto técnico, visando o ensino de valores, respeito e ética.
Antoni Zabala nos fala sobre a importância do ensino das lutas nas três dimensões dos conteúdos, Conceitual, Procedimental e Atitudinal.
Conceitual: Trazer a história de cada modalidade, bem como curiosidades de cada país.
Procedimental: Apresentar os movimentos básicos da modalidade.
Atitudinal: esse é talvez o campo mais importante a ser trabalhado, com diversas questões que o professor pode apresentar e discutir com os alunos, como por exemplo:
– As atitudes que os alunos devem ter em relação uns aos outros durante as aulas e em sociedade.
– As relações que os atletas devem ter em relação uns aos outros nas competições.
– O respeito pelos limites do próprio corpo e do adversário, mostrando a importância em respeitar esses limites para que não ocorram lesões.
As lutas podem e devem ser inseridas nas aulas de educação física escolar desde os anos iniciais. Ao abordar uma atividade de luta para o primeiro ano do ensino fundamental nos anos iniciais é preciso compreender o nível de desenvolvimento desses alunos, suas características, capacidades físicas e cognitivas entre outras questões. É fundamental que se evite a proposição de atividades que sejam extremamente difíceis e desafiadoras para os mais novos, ou então muito fáceis e desmotivadoras aos mais velhos, por exemplo.
As lutas apresentam características específicas que as distinguem de todas as outras práticas corporais.
De forma didática, podemos dividir esses princípios das lutas em sete aspectos diferentes. São eles:
1) Enfrentamento físico; 2) Oposição entre indivíduos; 3) Níveis de contato corporal; 4) Regras; 5) Imprevisibilidade/previsibilidade das ações; 6) Ações de ataque e defesa simultâneas; 7) Alvo móvel personificado no oponente.
Podemos ainda classificar de acordo com as ações motoras predominantes.
Ações de curta distância – agarre como fator predominante;
Ações de média distância – toque como fator predominante;
Ações de longa distância – toque com implemento como fator predominante;
Ações de distância mista – combinações de agarre e toque.
Alguns fatores parecem ser impeditivos para as práticas das lutas na escola, tais como a falta de material, falta de conhecimento, falta de uniforme, falta de incentivo da comunidade escolar entre outros.
Na minha visão, esses fatores não podem ser empecilhos para que as aulas ocorram, o professor de educação física escolar não precisa ser um especialista em uma determinada arte marcial, basta ter um conhecimento prévio da modalidade que deseja inserir na aula, avaliando o nível de conhecimento dos alunos, ouvindo os alunos sobre as suas preferências e inserindo sempre de forma lúdica.