Fernando Amaral
A dislipidemia é um dos fatores que mais preocupam nos eventos associados as Doenças Cardiovasculares (DCV) e aterosclerose. Fatores ambientais, mudanças nos hábitos alimentares e a inatividade física tem sido os grandes vilões para aumento do peso corporal e circunferência abdominal, sendo comum encontrar indivíduos acometidos por essa doença.
Sabe-se que uma mudança no estilo de vida aliado a um programa alimentar e a inclusão da prática de Exercício Físico (EF) regular, pode-se atenuar esse problema. O EF mostrou grande importância na prevenção e na reabilitação de indivíduos com dislipidemias, porém nos casos em que a dislipidemia está associada a herança genética o exercício físico isolado parece não surtir efeito, sendo necessário o uso da intervenção medicamentosa.
Em relação a escolha dos exercícios a maioria dos estudos realizados permeiam os aeróbios. Os exercícios resistidos oferecem uma contribuição significativa, embora ainda faltem evidências da sua eficácia quando prescrito isoladamente.
Quando analisados os benefícios do treinamento resistido sobre o perfil lipídico dependerá da relação entre volume e intensidade do treinamento (volume é equivalente ao número de repetições e tempo de treino, já quando falamos na intensidade podemos dizer que é a energia utilizada, ou seja, a velocidade que o exercício é realizado) que será imposta e da individualidade biológica do sujeito.
Para que haja um resultado satisfatório, um programa de EF, deve conter além dos exercícios aeróbios, exercícios resistidos. Sugere-se que os exercícios resistidos devem ser executados priorizando os grandes grupos musculares, em séries que variam de 08 a 15 repetições, com cargas progressivas, suficientes para causar fadiga nas últimas três repetições, porém, sem falha do movimento. Preferencialmente, devem ser realizados três vezes por semana. Os exercícios aeróbios devem ser realizados pelo menos três vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos de duração.
Sendo assim, a combinação de exercícios aeróbios e resistidos parece ter melhores resultados na prevenção, controle e tratamento da dislipidemia, reduzindo significativamente os níveis de LDL e triglicerídeos e aumentando os níveis de HDL. Os exercícios de alta intensidade parecem ter sua colaboração, embora não tenha sido encontrado na literatura um número significativo de publicações com essa temática.
A dislipidemia não é um mal presente somente na população adulta, estudos mostram que há uma grande preocupação com a dislipidemia infantil, no entanto sabe-se que os benefícios promovidos pelo EF em crianças e adolescentes são indiscutíveis, atuando na melhora dos parâmetros cardiorrespiratórios e dos fatores de risco cardiovasculares, social entre outros.
Podemos encontrar na literatura muitos benefícios dos EF em crianças com dislipidemia, a comunidade médica tem prescrito o EF como tratamento não medicamentoso, porém para essa população se faz necessário um estudo longitudinal para ajustes em relação a prescrição do EF, adequando a frequência, cargas, intensidades, entre os exercícios de predominância aeróbia ou anaeróbia, para que seja criado um protocolo.
Nos últimos anos tem se pesquisado e publicado diversos trabalhos com o tema dislipidemia e o exercício físico enquanto tratamento não farmacológico e parece ter sido o que melhor surtiu efeito.